sábado, 9 de maio de 2009

Mahabharatha



<Mahabharatha :



O Mahabharata é o maior épico da Índia, e o épico mais antigo do mundo, anterior aos gregos Odisséia e Éliada, e maior que esses dois épicos juntos, possui cerca de 200.000 versos em sânscrito.
Os estudiosos ocidentais atribuem ao Mahabharatha uma compilação ao longo de muitos séculos, e uma edição final no século II de nossa era. A tradição, atribui a compilação do Mahabharatha a Vyasadeva, que seria também um dos personagens do épico, e avô da maioria dos principais personagens existentes.
O Mahabharata é a história de uma guerra, entre uma dinastia de Reis que eram parentes entre si. A data da guerra varia, entre os estudiosos, os modernos ou ocidentais colocam entre 1500 a 600 anos AC. Os Hindus ortodoxos a colocam antes de 3.000 AC. No inicio de nossa atual era, a Kali Yuga. Na verdade, essa batalha, marcaria o inicio da Kali Yuga, que iniciaria após a morte dos grandes seres que viveram naquele período.
A história do Mahabharata é uma história que busca colocar todo o conhecimento espiritual dos Vedas na forma de diálogos, encontros, exortações, preces, narrativas heróicas, buscando mostrar através de mitos e exemplos o que é dharma Hindu.
O Dharma é o centro da narrativa do Mahabharatha e do Ramayana, bem como dos Puranas. Esses textos, existem para colocar de forma ilustrativa e baseado em estórias o que seria o dharma. Dharma é justiça, más muito mais do que isso no sentido ocidental, dharma é o dever que cada um de nós tem de cumprir na nossa vida de acordo com nossa natureza, nascimento e destino. Sendo que dharma também não é destino, más sim o caminho que nos devemos seguir para cumprir nosso destino. Por exemplo, o dharma de um guerreiro é lutar, é sua escolha, e sua natureza. O dharma de um sacerdote ou monge é meditar e ensinar. O dharma de um pai é criar seus filhos, e de um servo é servir. Na compreensão do dharma Hindu, cada pessoa deve cumprir bem o caminho que escolheu, e de todos os caminhos, o caminho espiritual é o mais importante, más esse deve ser seguido de acordo com os outros dharmas escolhidos pelo destino da pessoa.
O Māhabhārata é a história da grande guerra da Índia entre os Pandavas e os Kauravas. Ele contem dezoito parvas ou seções que são :
Adi Parva, Sabha Parva, Vana Parva, Virata Parva, Udyoga Parva, Bhisma Parva, Drona Parva, Karna Parva, Shalya Parva, Sauptika Parva, Stree Parva, Shanti Parva, Anushasana Parva, Asvamedha Parva, Ashramavasika Parva, Mausala Para, Mahaprasthanika Parva e Swargarohanika Parva. Cada um destes Parvas contém muitos sub-parva ou subsecções.
Este maravilhoso livro foi composto por Shri Vyasa (Krishna Dvaipayana), que foi o avo de todos os heróis da epopéia. Ele ensinou esse épico ao seu filho Sukha goswamí e aos seus discípulos Vaisampayana e outros. O rei Janamejaya, filho de Pariksit, o neto dos heróis desta epopéia, executou um grande sacrifício.
A epopéia foi recitada por Vaisampayana para Janamejaya, aos comandos de Vyasa, Depois, Suta recitou o Māhabhārata tal como feito por Vaisampayana para Janamejaya, para Saunaka e outros, durante um sacrifício protagonizado por Saunaka em Naimisaranya, a qual fica perto de Sitapur em Uttar Pradesh.

É muito interessante lembrar-se das aberturas e fechamentos das linhas deste grande épico. Ele começa com: “Vyasa cantou da inefável grandeza e esplendor do Senhor Vasudeva, quem é a origem e o suporte para tudo, quem é eterno, imutável, autoiluminado, quem é não nascido em todas os seres, e a honestidade e a retidão dos Pandavas”. E termina com: “Erguendo as mãos eu grito com toda a força de minha voz; mas ai de mim, não há ninguém que escute minhas palavras que possa me dar a Suprema Paz, Alegria, e eterna Felicidade. Só se pode conquistar todos os objetos do desejo pelo Dharma (reta conduta)”.

Assim, a essência do Mahabharata é o dharma, a lei, o dever, a justiça e a virtude que são o caminho que levam a auto-realização.

As histórias do Mahabharata tem no seu centro uma grande batalha, más narram os costumes, a filosofia, a mística, o Yoga, dos vedas. Nesse grande épico, são narradas a sabedoria dos Upanishads, os tipos de sacrifícios, o poder dos brahmanas, dos Rishis, os efeitos das austeridades, os poderes dos mantrans, os tipos de virtudes e os poderes conseguidos pela pratica da virtudo, as leis e deveres ou o dharma de cada casta e fase de vida, o exemplo das esposas castas e devotadas, o que é permitido e o que é errado segundo a moral e ética da época. Etc...

Nas histórias do Mahabharatha, nos deparamos com varias narrativas sobre os Reis, os Rishis, os guerreiros e seus poderes, façanhas, conhecimentos, sofrimentos e encontros com os Deuses. Shiva, Rama, Hanuman, Durga, Parasurama, Ganesha, Indra, Apsaras, Gandharvas, Asuras, Yakshas e todos os vários tipos de seres espirituais fazem parte da narrativa.

Bem como os brahmanas poderosos com seus poderes de amaldiçoar e perdoar quem estivesse em seu caminho, os guerreiros poderosos com suas armas místicas dadas pelos deuses e como eles a obtiveram, a virtude das rainhas, princesas e mães que constam na narrativa é cheia de poder, beleza, encanto, magia e profunda filosofia.
A historia do Mahabhara é a historia da guerra entre cinco irmãos, filho de um grande rei que morrera deixando seu trono, os cinco irmãos são os Pandavas : Yudhistira, Arjuna, Bhima, Nakula e Sahadeva, os filhos da viúva e rainha Kunti, com seu primo e primos, Duriyodhana e seus cem irmãos.
Duryodhana, filho do rei cego Dhritarashtra, desenvolveu inveja e ciúmes pelos seus primos, por serem os herdeiros naturais do trono, e depois de uma serie de eventos, inicia uma grande batalha pelo trono da Índia.
Os cinco irmãos, eram primos de Krishna, o Avatar, a suprema manifestação de Vishnu na terra, a suprema personalidade de Deus em pessoa. Que desceu ao mundo para reestabelecer a justiça, o dharma, a religião, os Vedas, e reiniciar a tradição. Krishna faz parte da guerra, como cocheiro do seu primo, e o inicia no Yoga supremo, no campo de Batalha, a grande guerra é um, dos seus muitos atos ou lilás, um dos seus passatempos.

Duryodhana era filho do rei cego, eles faziam parte da dinastia dos Kauravas, era neto do poderoso Bhisma bem como todos os Pandavas, no Mahabhata, uma grande guerra se instala entre os membros da família, na verdade, uma guerra entre o bem e o mal.




No Bhisma parva, existe um capitulo chamado Bhagavad Gita, o canto do Senhor, onde, no meio do campo de Batalha, o Senhor Krishna dá instruções para seu primo Arjuna, esse canto é hoje o canto mais importante do Mahabharata, estudado separadamento por ser a essência do Dharma e por ser o resumo dos vedas, dos upanishads. É o tratado mais importante da visão Vaishnava do vedanta, conseguindo resumir toda a essência do Vedanta e do Yoga Vedanta.

O Bhagavad Gita contem 18 capitulos e 701 versos em sânscrito, discorrendo sobre vários assuntos, principalmente a liberação, Karma Yoga, Bhakti Yoga, Jnana Yoga e os passos para a auto-realização.

Alem do Bhagavad Gita, o Mahabharata possui outros capítulos que tambem são cantos, ou Gitas, alguns deles são :

Anu-gita – livro escrito após o término da batalha de Kurukshetra, onde é narrado o Bhagavad-gita. Na realidade, este é o canto 16 do Mahabharata chamado de Ashvamedha-parva adhyaya. Trata-se de uma conversa entre Shri Krishna após a guerra e a coroação de Yudhistira; muitas vezes faz-se uma atribuição errônea desta obra como sendo de autoria de Shri Shankara, onde, então, o acusam de impersonalista e mayavada, o que é um grande e grave erro.

Hamsa-gita – do Mahabharata, como uma parte do Santiparva do Mokshaparva;

Manki-gita – Do Mokshaparva do Mahabharata, como uma parte do Shantiparva;

Pandava-gita – retirado do Mahabharata; diz respeito aos cinco irmãos Pandavas;

Parasha-gita – está no Mahabharata, como parte do Shantiparva do Mokshaparva;

Pingala-gita – é do Mahabharata, tal com o parasha-gita, está na parte Shantiparva (da paz) do Mokshaparva (para a liberação);

Ou seja, Gita é um termo para as canções ou diálogos entre importantes personagens da literatura sagrada da Índia, dentre eles, o Bhagavad Gita é o maior, pois é a essência de todos.

O mahabharata possui ensimentos profundos, e tambem esotéricos, más não deve ser interpretado como uma obra simbólica, ele deve ser entendido sobre a orientação de um guru, de prefencia um brahmana ou saniasi iniciado nas escrituras, para revelar a verdadeira natureza do seu conhecimento.

Esotericamente, no Mahabharata, O cego Dhritarashtra representa Aviyda, ou ignorância; Yudhisthira representa Dharma; Duryodhana, Adharma; Draupadi, Maya; Bhisma, a liberdade das paixões; Dussasana, qualidades diabólicas; Sakuni,
inveja e traição; Arjuna, a alma individual; e o Senhor Krishna, a Alma Suprema; Kurukshetra é o campo de ação, nossa alma e mente.

O objetivo desse Blog :

Vamos narrar aqui, a história que temos do Mahabharata, e estamos abertos a correções, novas informações, contos do mahabharatha que não estejam no blog, contanto que se citem a fonte de origem, imagens, textos ou historias relacionadas, comentários, etc, o objetivo é conseguir trazer a maior quantidade de historias engrandecendo o conhecimento do Mahabharata e popularizando a todos.

Após a conclusão de nossas postagens, vamos iniciar o Estudo do Bhagavad Gita.




Fontes :

Estamos usando aqui três fontes fidedignas para nossa versão do Mahabhatha :

O Mahabharatha Para crianças, de Chakravarti Rajagopalachari, Intelectual e político Indiano, escrito em 1950 e traduzido por ele mesmo para o Inglês, hoje disponível na Internet.

O Swami Purana, de Swami Satyananda Saraswatí, da ordem Sree Maa, que disponibilizou as historias de vários Puranas, e do Mahabharatha.

O Mahabhatha on line, de Swami Krishnapryananda Saraswatí, meu estimo guru, a quem dedico esse trabalho, e que colocou o melhor site de estudo do Gita conforme a visão do advaita no Brasil, representando do Gita Ashram na América Latina, no site :

http://www.gita.ddns.com.br/














Mahabharatha

Capitulo I

O Nascimento de Matsyagandha



Muitos anos atrás no reino de Cheddi, havia um rei de nome Uparichara. Ele tinha uma esposa muito bela, cujo nome era Girika, que significa Das Montanhas. Girika tinha uma beleza radiante cheia de devoção, e ela amava seu marido muito, muito mesmo. Ele também, sempre pensava nela.
Um dia Girika acabou seu período menstrual, e tendo tomado banho, ficou cheia de desejo. Ela foi ao seu marido, o rei, e disse, Marido, eu gostaria de ter um filho.
O marido respondeu, Esposa, eu adoraria dar-lhe um filho agora mesmo, mas tenho algumas outras funções importantes para executar que não podem esperar. Nós fomos requeridos a oferecer uma cerimônia comemorativa em honra dos meus ancestrais mortos, o que precisa de certos tipos de carne para serem oferecidos em sacrifício. Eu irei à floresta caçar. Eu devo realizar isso por mim mesmo, pois o sacrifício é para a honra de meus ancestrais.
Esta é a ordem de nosso Guru. Girika permitiu que ele fosse e ela manteve-se paciente. O rei foi para a floresta caçar. Depois de algum tempo ele ficou cansado de montar em seu cavalo, e sentou-se sob uma árvore para descansar. Ele começou a pensar no amor maravilhoso que ele compartilhava com Girika, e seu coração ficou cheio de amor. Ele pensou, Como é maravilhoso Ter uma esposa vindo a mim cheia de amor e desejo. Todos no universo querem ser desejados. Quando outra pessoa nos ama e nos deseja nós sentimos uma grande força e segurança. Então podemos dirigir esta energia para um nobre propósito. Quão abençoado sou com tal amor!
Quando ele sentou sob a árvore pensando em sua esposa, ele ficou excitado e derrubou seu sêmen. Então ele pensou, Ó, perdi todo controle na contemplação de minha amada! Bem, este sêmen não deve se desperdiçado.
Não deve ir sem dar fruto. Ele pegou o sêmen e o colocou numa folha. Ele dobrou a folha e chamou um falcão e disse, Ó querido falcão, por favor leve este sêmen para minha esposa, Girika. Ela está pensando em mim e eu também estou pensando nela. Ela quer Ter uma criança. Fechada dentro desta folha está a criança que ela deseja, assim leve-a para ela imediatamente.
Obedecendo a ordem do rei, o falcão colocou a folha em seu bico e subiu no céu. Ele começou a voar por todo o reino de Cheddi, em direção ao palácio do rei Uparichara, onde sua esposa Girika estava pensando em seu marido. No caminho de seu vôo, outro falcão o viu e pensou, Hummm. Que troféu tem este falcão em seu bico? Eu quero minha parte também.
Uma luta sucedeu-se no meio do ar. O falcão começou a bicar o mensageiro com tal ardor que destruiu o falcão mensageiro. A folha caiu de seu bico bem no Rio Jamuna! Então ambos os falcões, vendo que o troféu estava perdido pararam a luta e voaram para direções separadas.
Uma bela Apsara chamada Adrika desceu a terra num bom e belo dia de primavera, e decidiu banhar-se no Rio Jamuna. Ela começou a nadar e esguichar e divertir-se. Ela dançou com as flores e banhou-se no sol e pulou na água e tinha um tempo maravilhoso!
Sentando na margem do ri estava o zangado Rsi Durvasa. Ele estava realizando o Sandya Bandana, sua oração diária, e estava fazendo japa. Quando ele fez a japa, Adrika, a Apsara, estando cheia de amor e alegria,
nadou e brincando segurou os pés dele. O Rsi levantou-se de sua meditação e disse furiosamente, Que tipo de senhora é você para interromper minha meditação? Não sabe que sou o Rsi Durvasa? Ninguém pode se manter diante de minha ira! Você tem muita coragem de interromper minha meditação e meu puja nadando no rio como um peixe! Eu amaldiçôo você! Você se tornará um peixe! Adrika, a pobre Apsara começou a chorar. Ó Rsi, eu não quis causar-lhe nenhum mal! Por que você me diz esta maldição de transformar-me em um peixe? Sou uma Apsara, uma bela serva dos Deuses. Não sou um peixe! Rsi, por favor tenha compaixão! Compaixão é a graça dos Brahmins. Por favor diga-me como posso ficar livre desta maldição?
Durvasa olhou para jovem senhora que tinha uma beleza radiante e disse, este peixe dará nascimento a duas crianças humanas, e então você poderá voltar aos ceus. Adrika, a Apsara olhou incrédula. O que! Como pode um peixe dar nascimento a um humano? Sem falar em um humano, que dirá dois humanos?
O Rsi disse, Assim foi dito , assim será. Seja um peixe. A Apsara foi imediatamente transformada em um peixe. De fato não era tão ruim. Ela mesma começou a desfrutar sendo um peixe. Ela podia nadar ao longo das margens do Rio Jamuna, e ouvir os mantras sendo cantados pelos homens santos que lá se sentavam. Ela começou a brincar nas águas sagradas do rio.
Um dia quando ela estava nadando, observou algo estranho parecendo uma folha. Esta folha não é da floresta daqui, ela pensou enquanto pegava a folha em sua boca. Repentinamente ela a engoliu e ficou grávida com o sêmen do rei de Cheddi! Os dias se passaram e sua barriga ficou cada vez maior. Finalmente ela teve dificuldade em mover-se pelo rio. Ela cresceu mais e mais, e assim não podia nadar tão ligeira como de costume, estando neste estado de gravidez.
Um dia um pescador lançou sua rede no Rio Jamuna, e Adrika, o peixe, estava sem força para nadar para long. O pescador puxou a rede e encontrou este enorme e belo peixe. Ele levou o peixe para casa, abriu sua barriga e encontrou duas crianças humanas! Um era menino e a outra era uma menina. O pescador pensou, Tenho pescado nestas águas toda minha vida, mas nunca vi ou ouvi nada parecido com a história dessa pesca! Enquanto isso a Apsara, Adrika, se livrou da maldição e retornou ao céu. O pescador realizou os samskaras do nascimento, dando uma grande festa, deu daksinas como presentes aos Brahmins, e deu boas vindas às crianças em sua nova vida na terra. Então ele pensou, O que farei com estas crianças? Elas são a coisa mais maravilhosa como eu nunca vi ou ouvi em toda minha vida. Eu gostaria de ficar com o menino que é uma criança nobre e bela. Mas esta menina cheira tão mal, como um horrível peixe podre. Gostaria de colocá-la de novo na água, porque não posso tolerar o cheiro!
Então uma voz falou da nuvens do céu, Pescador, Das Raj, não lance esta menina na água! O filho dela está destinado a ser um rei! O que! disse o pescador. O filho desta garota mal cheirosa se tornará um rei? Então levarei estas crianças ao rei.
O pescador levou as duas crianças ao rei Uparichara, o rei de Cheddi, e disse, Ó rei, a coisa mais surpreendente de minha profissão de pescador do Rio Jamuna aconteceu hoje. Eu nunca vi ou ouvi nada assim em toda minha vida. Eu pesquei um peixe, o maior peixe que já vi, e quando abri a barriga do peixe, encontrei estas duas crianças humanas: um menino e uma menina.
O rei olhou as duas crianças com assombro e disse, Esta menina cheira como um peixe, assim vamos chamá-la de Matsyagandha, Ela Que Cheira Como um Peixe. O menino é realmente belo e formoso. Ele parece com o filho de um rei. Irei pegar o menino e cria-lo como meu, e o chamaremos Matsya Raj, Rei do Peixe. Pescador, pegue a menina e a leve com você e a crie como sua filha. Eu manterei o filho aqui e o criarei como meu filho.
E foi isso o que aconteceu. Matsya Raj cresceu no palácio do Rei, e Matsyagandha tornou-se a filha do pescador.
Matsyagandha cresceu transformando-se numa boa jovem. Ela tinha uma beleza radiante, mas ninguém podia se aproximar dela pois ela cheirava como um peixe! Quando ela cresceu tornou-se uma grande ajudante de seu pai.
Ela o ajudava a remendar as redes de pesca e a remar o barco. Ela o ajudava a preparar a comida e a limpar. E ela tornou-se cheia de devoção, Matsyagandha cresceu transformando-se em uma garota de beleza radiante.




Capitulo II



O Nascimento de Veda Vyasa

Um dia o Muni Parasara veio na margem do Rio Jamuna e disse, Pescador, poderia por favor transportar-me através do rio?
O pescador respondeu, Sinto muito, mas estou ocupado agora. Por favor perdoe-me, Muni. Não posso deixar o que estou fazendo agora. Se você puder suportar o cheiro, minha filha, Matsyagandha, o levará pelo rio.
O Muni disse, Tenho pressa de atravessar o rio. Não me importa quem rema o barco. Deixe sua filha vir e me levar através do rio.
Assim o pescador chamou sua filha, Matsyagandha, por favor leve este Muni Parasara através do rio. Matsyagandha veio e sentou-se no barco e o Muni sentou-se no barco do outro lado dela, enquanto Matsyagandha começou a remar. Quando ela estava remando pelo rio, repentinamente o Rsi disse-lhe, Minha querida jovem, tenho um estranho sentimento de atração por você. Me sinto compelido a fazer amor com você agora mesmo.
Matsyagandha estava incrédula, Como pode dizer isso? Eu cheiro tão mal como um peixe podre.
E Parasara respondeu, Bem, isso pode ser mudado muito facilmente. Por meu poder de yogue e por meu mantra siddhi, eu concedo a você uma maravilhosa fragrância. Sua fragrância será tão cativante que todos os animais por milhas ao redor desejarão vir só para sentir seu perfume. E assim ele fez. Repentinamente Matsyagandha emitiu o mais belo e atraente fragrância que cativava toda a vida!
Ele disse, agora, vamos fazer amor! Não posso explicar porque tenho este sentimento. Sou um Rsi auto-controlado da floresta, um sadhu que executou grandes austeridades de renúncia. Não posso explicar porque, mas tenho este terrivelmente maravilhoso impulso de fazer amor com você agora mesmo.
Matsyagandha disse, Mas Muni, Rsi, você não pode fazer amor num barco! Você nem mesmo sabe nadar!
O que aconteceria se o barco virasse enquanto estamos fazendo amor? Como você chegaria na orla? Controle-se! Ao menos espere até chegarmos ao outro lado.
O Muni disse, Tudo bem. Mas eu entendo que sou um Muni. Eu tenho controlado minhas paixões. Há alguma outra razão por eu estar sentindo esses sentimentos. Deve ser alguma Divina Predestinação que está me fazendo sentir isso. Eu irei esperar até chegarmos ao outro lado.
Matsyagandha remou até o outro lado, e o Muni disse, Venha rápido! Vamos fazer amor! Vendo que não havia como escapar da paixão do Muni, Matsyagandha disse, Mas Muni, ainda é dia e aqui estamos na margem do rio. Qualquer um desça pelo caminho ou pelo rio poderá ver o que estamos fazendo.
Eu ficarei grandemente menosprezada se fizermos esta coisa em público! Minha reputação ficará arruinada!
Então o Muni disse um Mantra e usando seu poder de yogue, fez tornar-se noite! Ele fez nuvens baixas aparecerem do céu, e então disse, Agora está escuro e estamos cobertos pela névoa. Ninguém pode ver o que estamos fazendo.
E Matsyagandha viu que não tinha como escapar. Assim ela disse, Muni, peço-lhe que me dê três dádivas por participar disso com você. A primeira é que meu pai não saiba sobre isso, e que minha virgindade não se perca. A Segunda é que o filho nascido de nossa união seja tão poderoso como você e inteligente, um conhecedor dos todos os Vedas. E meu terceiro pedido é que eu tenha sempre este delicioso perfume e esta atraente beleza juvenil.
E Parasara disse, Eu lhe concedo estes três desejos! Seu filho irá reunir todos os Vedas e classifica-los. Ele será o autor de todos os Puranas, um recipiente de sabedoria e conhecimento, e ele será o principal expositor do Sanatana Dharma.
Assim o Muni deitou- Assim o Muni deitou-se e teve a relação com Matsyagandha. Quando eles terminaram ele foi até o rio, banhou-se e então partiu para a floresta. Ela ficou grávida.
Matsyagandha começou a ficar maior, maior e maior! Ela foi para dentro do seu barco e remou para uma ilha isolada no meio do Rio Jamuna. Nesta ilha ela deu à luz ao seu bebê, mas assim que a criança saiu de seu útero, começou a crescer! E cresceu, cresceu, cresceu ao tamanho normal de um homem e então disse, Mãe!
Pranam. Eu me curvo à você. Eu irei para a floresta praticar tapasya. Muito brigado por ser o veículo de minha entrada neste plano terreno. Eu tenho muito Karma para fazer, assim não terei tempo de ficar aqui para assisti-la.
Muito obrigado por me dar nascimento. Por favor lembre-se de mim em qualquer tempo em que você estiver em dificuldades, e tão logo você me recorde, eu virei fazer tudo que você pedir. Mas tenho muito Karma a fazer agora, por favor tome um banho e vá para casa. Eu irei executar minha tapasya.
Matsyagandha estava muito surpresa com isso, e disse, Eu o abençôo meu filho. Que sua tapasya seja frutífera. Porque ele nasceu na dwipa, na ilha, seu nome foi Dwaipayan. E porque a sua aparência era escura, seu nome foi Krsna; assim seu nome era Krsna Dwaipayan, também conhecido como Veda Vyasa.

Capitulo III


Santanu Casa-se com Ganga


Santanu era o rei de Hastinapura, a atual Delhí, ele ganhou o reino do Rei Bharath, que foi um dos maiores reis de toda a Índia, por causa de seu nome, a Índia ainda hoje é chamada de Bharatha, ou terra de Bharath, e por isso, essa epopéia é chamada de Mahabharatha, ou grande Índia. Bharatha tinha nove filhos, mas não considerava nenhum deles apto para o substituir no trono após a sua morte, e assim, ele trouxe um brahmana, do ashram do Rishi Bharadvajra, hamado de Santanu, que era jovem, nobre, sábio e cheio de virtudes.
Santanu foi caçar na floresta, e quando ele foi montado em sua carruagem ao longo do Rio Ganga, deste Rio Ganga, subiu uma mulher muito bela, a própria Divina Ganga. Santanu olhou para Ganga, mas ele não podia recordar o amor anterior deles. Ele tornou-se hipnotizado por seu adorável esplendor. Ganga olhou para Santanu e reconheceu-o como Maha Bisa, mesmo neste presente corpo.
Santanu disse, Ó Pessoa Bela, meu coração se encheu de amor. Não sei o que inspirou isso, mas por favor, torne-se minha esposa.
Ganga respondeu, Rei, Eu adoraria me tornar sua esposa, mas somente se você aceitar uma condição. Santanu respondeu, Ó Amada, Querida de meu coração, diga qualquer condição que você queira. Eu aceitarei qualquer condição, se apenas você aceitar ser minha esposa.
Ganga disse, Primeiro você deve ouvir minha condição e prometer-me que você a cumprirá, e então eu concordarei em casar-me com você.
Santanu disse, Você tem apenas que dizer. Então Ganga disse, Qualquer coisa que eu gostar de fazer, eu farei, e você nunca irá deter-me. No dia em que você tentar me deter ou questionar, ou de algum modo colocar qualquer obstáculo ou impedimento a minha exatamente assim como eu vejo, neste dia eu lhe deixarei imediatamente.
E Santanu disse, Minha amada, não há nada que você possa desejar fazer ao qual eu coloque alguma vacilação. Você roubou meu coração. Eu concordo que você pode fazer qualquer coisa que queira. Eu me rendo a você completamente.
Santanu e Ganga se casaram, e Santanu tornou-se perdido na alegria do amor. Ele fazia amor com Ganga todo o tempo, e ela respondia com a mais graciosa e sensual aceitação. Eles tinham o mais belo relacionamento e Ganga ficou grávida. O rei ficou dominado pela alegria! Realizando as cerimônias pré-natais ele alimentou todas as pessoas de seu reino e deu tremendas daksinas aos Brahmins. Todos deram suas bênçãos.
Quando a criança nasceu, o coração do rei pulou de alegria. As servas de ganga, a rainha, vieram ao rei e disseram, Bidai! Avinandana! Saudações ó rei! Um filho nasceu para você neste dia! Congratulações! realização, exatamente assim como eu vejo, neste dia eu lhe deixarei imediatamente.
E Santanu disse, Minha amada, não há nada que você possa desejar fazer ao qual eu coloque alguma vacilação. Você roubou meu coração. Eu concordo que você pode fazer qualquer coisa que queira. Eu me rendo a você completamente.
Então o rei olhou pela janela e viu Ganga carregando o filho, o recém nascido, até a margem do rio. Ela atirou a criança nas águas violentas e a criança se afogou! O rei não podia acreditar. Mulher má! Você matou nosso filho! Ele pensou. E ainda assim não disse uma palavra.
Depois de algum tempo, Ganga engravidou novamente. O rei ficou cheio de alegria! Um herdeiro para o trono! Depois que a criança nasceu, ele observou Ganga pegar aquele recém nascido também, carrega-lo até a margem do rio e jogá-lo nas águas para observar a submersão. O coração do rei se partiu em dois. E assim aconteceu com a terceira, quarta, Quinta, sexta e a sétima criança. Toda vez ele observava sua amada esposa pegar o recém nascido, herdeiro do trono, sua própria carne e sangue, e afogar nas águas do Rio Ganga. O rei olhava descrente.
Os sete Vasus já tinham se livrado da maldição de Vasistha de terem que ter nascimento humano quando o oitavo filho nasceu. Quando o oitavo filho, Dyau nasceu, e o rei olhou da janela e viu Ganga levando seu filho na margem do rio para receber o mesmo destino de seus irmãos, seu coração não pode agüentar mais. Ele correu para o rio e pulou na frente dela dizendo, Pare! Você não pode fazer isso! Você já matou todos os meus sete filhos. O que eles fizeram a você? O que você está fazendo sua mulher má? Você está destruindo toda minha família! Pare com esta maldade!
E Ganga disse, Agora rei, você quebrou seu voto. Você prometeu nunca questionar-me ou me fazer parar o que quer que eu estivesse fazendo. Portanto, eu estou o deixando. Eu levarei este filho comigo e o alimentarei na floresta. Quando ele crescer, forte e independente, eu o darei de novo a você. Mas agora ele requer o amor e alimento de sua mãe. Mas agora você pode saber, os oito Vasus foram amaldiçoados por Vasistha Muni que teriam que nascer na terra. Para sete deles foi concedida a dádiva de que sua estada estaria completa em um ano.
Conforme combinado, aqueles sete Vasus tiveram que voltar ao céu por minhas ações. Agora esta última criança é sua. Ele será conhecido como Gangeya, Ele quem nasceu de Ganga. Também o chamaremos de Devavrat, O Voto
dos Deuses. Depois que você pegar a criança novamente eu voltarei para minha morada celestial. Rei, recorde sua maldição como Maha Bisa. Você deve permanecer aqui e completar seu Karma.
Repentinamente Santanu ficou atordoado com a recordação. Sua mente tornou-se perdida em memórias tão distantes, e ele desprezou para pensar na promessa que tinha quebrado com sua esposa, Ganga. Igualmente ele pensou na sua própria perda e suas ligações aos seus filhos que tinham ido e a sua esposa que agora estava indo, e ele recordou sua amizade com os Deuses e da promessa deles sendo amaldiçoados a vir para a terra. Ele fitou Ganga em silêncio, e observou a medida que ela desaparecia no deserto junto com seu bebê.
Ganga levou a criança para a floresta e a ensinou como ser um rei. A criança cresceu forte, saudável e educado, tendo estudado com os mais finos Gurus disponíveis. Ele aprendeu armamento de Parasuram; estudou as escrituras com Brhaspati, o próprio Guru dos Deuses. Ganga. Ganga viu sua saúde, riqueza e educação como possivelmente nenhuma mãe terrena podia fazer. Devavrat depois ficou conhecido como Bhisma, o Protetor da Dinastia Lunar, o Regente de Hastinapura.

Depois que a deusa Ganga deixou Shantanu e desapareceu com a oitava criança, o rei abandonou todos prazeres sensuais e governou o reino com um espírito de ascetismo. Num certo dia, ele andava pelas margens do Ganges quando avistou um menino que tinha a beleza e forma de Devendra, o rei dos deuses.
O menino se divertia e atirava uma fileira de flechas para fazer um dique e represar as águas do Ganges, brincava com o poderoso rio como uma criança brinca com sua mãe indulgente. O rei ficou maravilhado com a visão, quando a deusa Ganga se revelou a ele e apresentou o menino como seu próprio filho.
Ela disse: "Salve rei, este é o oitavo filho que gerei para você. Eu o criei até agora. Seu nome é Devavrata. Ele domina as artes marciais e se iguala a Parashurama em poder. Ele é mestre nos Vedas e no Vedanta por ser discípulo de Vasistha, e é mestre nas artes e ciências conhecidas como Shukra. Receba de volta esta criança que é um grande arqueiro e estadista mestre".
Ela abençoou o menino, deu-o a seu pai, o rei, e desapareceu. Deixando-o triste, com saudades, e ansioso por um novo reencontro com a sua amada.
A Maldição de Ganga e Shantanu
Essa é a historia da maldição de Ganga e Shantanu. Muitos anos atrás na família de Iksvaku, viveu um grande rei de nome Maha Bisa. Maha Bisa era um rei extremamente devotado, e tinha desenvolvido um tal poder espiritual que mesmo os deuses tornaram-se invejosos dele. Ele era tão firme na verdade e tão honroso em natureza, que podia mudar sua consciência à vontade. Ele desenvolveu tal equilíbrio e poder de vontade que ele podia ascender ao céu quando desejasse.
Um dia quando ele estava visitando o céu, ele viu Ganga. Ela pareceu-lhe muito bela. Ele olhou para ela e ela olhou para ele. Brahma viu isso e disse, Ei, Maha Bisa, Grande rei, este não é o tipo de conduta que encorajamos no céu. Se você quer se comportar assim, porque não vai para a terra e seja um homem. Ganga, você também é melhor descer à terra e nascer como um a mulher. E ambos têm todo este assunto de relacionamento pessoal. Então podem voltar ao céu.
Ganga e Maha Bisa ficaram muito tristes, mas eles tinham que obedece as ordens de Brahma. Quando eles pediram licença, uma coisa muito interessante aconteceu.
Havia oito Vasus. O mais velho dos Vasus era chamado Dyau. Dyau significa os Céus, como no mantra Santa Dyau, Santa Prthivim. Prthu era outro dos oito irmãos Vasu. Seu nome significa a Terra. Um dia os irmãos estavam vagueando perto do eremitério de Vasistha, quando a esposa de Dyau viu Nandi, a vaca.
Que bela vaca. Que vaca é aquela e que qualidades especiais ela tem? perguntou ela ao marido. Dyau respondeu, Quem quer que beba o leite desta vaca, sua juventude nunca termina e ele vive no mínimo dez mil anos.
Então a esposa de Dyau disse, Meu querido marido, tenho uma amiga querida que ficaria muito grata de beber este leite. Por favor consiga aquela vaca para mim. Poderemos pegar algum leite da vaca e assim minha amiga ficaria livre de toda doença. Então ela pode viver por dez mil anos e ser jovem e bela. Nós também
poderemos beber do leite!

Dyau chamou todos os seus irmãos e disse, Irmãos, vamos pegar aquela vaca. Assim os irmãos pegaram a vaca e começaram a ordenha-la. Justamente então Vasistha despertou de sua meditação e olhando ao redor pensou, Onde está minha vaca? Ele olhou por todo o ashrama mais a vaca não estava lá. Então ele sentou-se em meditação novamente e pensou, Onde poderia minha vaca Ter ido? Em sua meditação ele viu, Ó os Vasus pegaram minha vaca!
Imediatamente ele foi até onde os Vasus estavam, e ele pegou um pouco de água nas mãos e exclamou, Vocês roubaram minha vaca! Vocês se comportaram como ladrões. Eu os amaldiçôo! Desçam à terra e vivam entre os homens!
O sétimo irmão Vasu disse, Nós não somos responsáveis, nosso irmão mais velho é que disse para fazermos isso. Estávamos somente obedecendo as ordens dele, assim não é nossa falta! Nós só fomos junto com ele. Por que deveríamos ser amaldiçoados, e como podemos nos livrar desta maldição horrível de viver na terra
entre os homens? Os homens são insensíveis, e a vida na terra é cheia de ansiedade. Por favor dê-nos o meio de nos libertarmos.
Vasistha disse, Certo, vocês sete irmãos, se livrarão da maldição dentro de um ano. Mas Dyau, você é de fato o culpado; você viverá um longo, longo tempo na terra, e isto não será agradável. Você irá expiar seu mal comportamento. Vasistha saiu, pegando sua vaca.
Quando os Vasus foram em seu caminho na terra, eles viram ganga também em sua rota para a terra. Eles perguntaram a ela, Onde você está indo, Ganga?
Ganga respondeu, Fui amaldiçoada por Brahma para ir à terra.
Os Vasus disseram, Nós também fomos amaldiçoados para irmos à terra pelo Muni Vasistha, Mãe. Poderia nos fazer um favor? Certamente, em que posso ajuda-los?
Mãe, somos Seres Divinos, residentes dos céus, criados no néctar por toda a nossas vidas. Não queremos nascer em qualquer útero terreno ordinário. Você poderia consentir em ser uma mãe para nos dar nascimento?
Claro. Concordou Ganga.
E então eles Completara, Mãe, Vasistha disse que nos livraríamos da maldição de tomar um nascimento humano dento de um ano, assim temos outro pedido a lhe fazer. Tão logo nós tenhamos nascido, nos mergulhe no rio de suas águas.
Novamente Ganga concordou e disse, Certo, aquele plano irá ser feito. Tão logo cada um de vocês nasçam eu os mergulharei no rio, assim vocês poderão retornar ao céu mais rapidamente. Eu farei isso para alivialos da maldição de Vasistha. Este foi o plano que eles combinaram.







Capitulo IV



Devavrat Torna-se Bhisma


Embora Santanu tivesse seu filho e as pessoas tivessem um Herdeiro da Coroa, o coração de Santanu ainda não estava satisfeito. Havia ainda um lugar vazio que desejava ser preenchido. Um dia Santanu foi caçar com seu filho Devavrat e seus mais confiáveis conselheiros e amigos. Santanu saiu para longe em busca de algum precioso troféu. Ele seguiu neste jogo até que chegou as margens do Rio Jamuna, onde viu Satyavati sentada em seu barco. Satyavati tinha recebido a bênção de Parasara de que ela teria o mais delicioso perfume e beleza
perpétua. Satyavati, a antiga Matsyagandha, a filha do pescador, estava sentada no barco esperando para transportar passageiros através do rio. Ela estava exalando sua deliciosa fragrância e sua beleza era radiante.
Santanu foi até Satyavati e perguntou, O que você está fazendo aqui? Satyavati disse, Espero por passageiros para transporta-los através do rio.
Santanu disse, Você me conduziria através do rio? Com muito prazer, ó rei. Respondeu ela. Satyavati transportou Santanu através do rio, mas o rei não podia tirar os olhos dela durante toda a viagem. Quando eles alcançaram a outra margem o rei disse, Eu cometi um engano, por favor leve-me de volta para a outra margem. Eu lhe pagarei o dobro da tarifa. Quando Satyavati remava o barco, o rei não podia ver nada além da beleza desta adorável jovem. Santanu disse a ela, Eu vim para esta floresta caçar, mas parece que alguém me caçou. Eu me tornei a mira. Agora há somente uma pessoa que pode salvar o rei de Hastinapura. Esta pessoa é você Satyavati. Você se tornaria minha esposa?
Satyavati disse, Eu ficaria honrada em ser sua esposa, ó rei. Mas você deve pedir a permissão de meu pai, Dasraj.
Santanu concordou, Sim, sem dúvida eu irei até seu pai e lhe pedirei permissão para casar-me com você. E Santanu imediatamente foi até Dasraj e lhe falou, Dasraj, Eu me apaixonei por Satyavati. Desejo fazer dela a
minha esposa. E Dasraj disse, Que maravilhosa oportunidade para minha filha. Mas como pai da noiva, tenho um pedido. Minha filha se casará com você somente se você fizer do filho dela o próximo rei.
Santanu disse, Isto é impossível. Eu já ungi Devavrat. Ele é a pessoa mais perfeita para ser o rei. Ele jáfoi instalado como herdeiro do trono. Como posso roubar o reino de meu próprio filho que é qualificado para dar ao filho ainda não nascido de sua filha? Não posso cometer tal injustiça e ainda chamar-me de rei.
Dasraj disse, Então você não pode se casar com minha filha.
Santanu ficou furioso e saiu da casa retornando ao seu acampamento. Seu coração estava triste. Todo dia ele ia para a margem do Jamuna e olhava Satyavati de longe, se escondendo atrás de uma árvore. Toda noite depois de escurecer, ele voltava para o acampamento de caça. Seu coração estava pesado. Devavrat foi até ele e disse, Pai qual é o problema? É algum problema com o reino? Se é, então como Herdeiro da Coroa do reino eu devo ser informado. Por favor compartilhe seus problemas comigo. Ou é um problema pessoal? Como seu filho você
deve compartilhar seus fardos comigo. Por favor, pai, confie em mim. Confie em mim, desabafe seu coração, e vamos ver se não podemos encontrar uma solução.
O rei disse, Meu filho, um homem não pode compartilhar todas as coisas. Nem um rei pode compartilhar todas as coisas, nem um pai pode compartilhar todas as coisas.

Devavrat disse, Então vamos para casa, para Hastinapura. Temos assuntos importantes para cuidar lá. Nós já caçamos bastante e gastamos bastante tempo na floresta. Vamos voltar para Hastinapura. O rei Santanu disse, Não filho, agora não. Só mais alguns dias. Todos os dias Santanu ia para a margem do Rio Jamuna e observava Satyavati enquanto ela trabalhava, levando as pessoas através do rio ou sentada na margem esperando por outro passageiro.
O rei voltou ao acampamento tarde certa noite e retirou-se para sua barraca. Devavrat, o filho do rei chamou o condutor da carruagem e disse, Cocheiro, onde você leva meu pai todo dia? O cocheiro respondeu, Este é um assunto privado entre seu pai e eu. Não posso trair a confiança dele.
Devavrat disse, Cocheiro, o rei de nosso país está cercado de tristeza e de um pesado fardo. Sou o Herdeiro da Coroa e também seu filho. Devo saber qual a causa desta carga. O que posso fazer para aliviar meu pai desta tristeza? Por favor, diga-me onde você leva meu pai todos os dias? As margens do Rio Jamuna.
Por que você leva meu pai para as margens do Rio Jamuna? O que ele faz lá?
Ele olha Satyavati.
O dia inteiro ele olha para Satyavati? Ele nunca falou com Satyavati?
Sim, ele falou.
Bem, o que ele disse?
Ele disse, Gostaria de me casar com você .
Devavrat perguntou novamente, O que ela disse?
Ela disse, Eu também gostaria de me casar com você, mas você deve pedir permissão ao meu pai.
Então Devavrat disse, E ele não se encontrou com o pai dela? O que o pai dela disse?
Sim, disse o cocheiro. O pai dela disse, Você não pode se casar com minha filha a menos que torne o filho dela o próximo rei de Hastinapura. Então seu pai ficou furioso e saiu. E todo dia ele vai até a margem do Jamuna e olha para ela.
Devavrat disse, Leve-me até Dasraj. Quero me encontrar com o pai de Satyavati.
No meio da noite ele foi para a casa de Dasraj. Quando Dasraj levantou no meio da noite e viu o filho do rei, ele ficou muito surpreso. O que você está fazendo aqui? Perguntou ele. E estou ainda mais surpreso com a hora de ver o filho do rei em minha casa.
Dasraj, eu vim para levar Satyavati para meu pai.
Ó Príncipe, você deve saber qual o meu desejo. Eu disse ao seu pai que não posso dar minha filha para ele a menos que o filho dela seja feito rei de Hastinapura. Seu pai disse que não podia conceder este desejo. Assim não posso dar minha filha para ser a esposa dele.
Devavrat disse, O rei está certo em dizer a você que não pode realizar este desejo, pois ele já deu este privilégio. O rei só pode conceder seu reino uma vez. Ele estaria sendo desonesto em tomar aquele reino de volta da pessoa a quem ele deu, para dá-lo a outro. Ele o prometeu a mim. Assim ele não pode dar novamente esta
promessa a você. Dasraj, eu prometo. A promessa é agora comigo. E eu lhe dou a promessa que o filho de Satyavati será o próximo rei de Hastinapura. Eu não aceitarei o trono se isso significa a felicidade de meu pai. Em todas as histórias quantas vezes temos visto um pai fazendo sacrifícios pela felicidade de seu filho. Agora a história encontrará um exemplo de um filho fazendo o sacrifício pela felicidade de seu pai. Eu não aceitarei o trono. Eu darei o trono ao filho de Satyavati.
Dasraj disse, Que filho nobre você é para pensar tanto na felicidade de seu pai que você está disposto a sacrificar seu reino. Mas e se seus filhos não concordarem? E se seus filhos ao crescerem reclamarem o trono e
com um exército lutarem com os filhos de Satyavati?
Devavrat disse, Você está absolutamente certo, Dasraj. Eu não posso prometer nada sobre o comportamento de meus filhos que ainda nem nasceram. Mas posso prometer nunca ter filhos. Assim, eu, Devavrat, prometo que nunca terei filhos. Nunca me casarei. Nunca terei qualquer relacionamento físico com uma mulher.
Quando esta promessa foi dada toda a terra tremeu. Os Deuses derramaram flores sobre ele. Dasraj se curvou para Devavrat e lhe deu a bela Satyavati. Satyavati foi na carruagem com Devavrat e juntos retornaram ao acampamento do rei. Já era manhã quando eles chegaram. Santanu estava muito ansioso querendo saber onde seu filho tinha ido no meio da noite.. Quando Devavrat retornou de manhã cedo junto com Satyavati, Satyavati explicou toda a circunstancia de como Devavrat deu a promessa que permitia a seu pai se casar. Santanu abençoou Devavrat e disse, Devavrat, você tomou um voto poderoso agora. Você é Bhisma, o forte, o único de tal maravilhosa força e nobre caráter. Eu lhe dou a benção de Iccha Mrtyu. Você deixará seu corpo somente quando você desejar. Você será invencível a todos os seres. Nunca antes houve um homem tão forte e firme em seu voto, buscando apenas a felicidade de seu pai. Seu nome, Bhisma, será eterno. Você será o mais forte suporte de Dharma. Novamente Bhisma prometeu, Pai, seus filhos com Satyavati continuarão sua linhagem. E não importa quem se sente no trono de Hastinapura, eu irei proteger o rei deste reino. Este é a minha promessa a você.


Continua...

Glossário :

Apsara : Ninfa celestial, as prostituras divinas, seres belissimos que habitam nos ceus, ligadas a musica, dança, artes eroticas e para o gozo dos Devas ( Deuses ).

Asuras : seres demoniacos, estao no modo da ignorancia, porem diferente dos humanos, tambem são seres espirituais, vivem em outros planos, embora possam tomar corpo material igual aos devas, são iludidos e apegados aos prazeres, buscam o desenvolvimento material e o gozo dos sentidos, embora muitos tambem tenha mais força, poder e conhecimento do que os humanos, são demoniacos más a maioria conhece e respeita parte dos Vedas, muitos são devotos de Shiva, apesar de sua ignorancia.

Deva : signfica luminoso, semi-deuses, deuses da natureza como ceu, fogo, ar, terra, sol, lua, etc.. não sao humanos,mas são mortais e possuem mente, ego, são diferentes do Brahman e de Shiva, e Vishnu, estão sujeitos a força de Maya ou ilusão, porem vivem durante toda a criação e estão acima dos humanos em poder, conhecimento e virtude. possuem corpos espirituais, e poderes espirituais.

Ganga : deusa do rio ganges, o principal rio da India, o rio sagrado.


Rishí : Vidente, são sábios que realizaram os vedas e atraves de praticas espirituais desenvolveram a capacidade de ouvir os devas, existem Rishis que são imortais e vivem nos planos espirituais, outros existiram no plano material e tinha grande poder, a maioria eram brahmanas, más muitos guerreiros se tornaram Rishis, existem niveis de Rishis, tais como Rishi, Maharishi ou grande Rishi, Rajarishí ou vidente entre os reis, e Devarishi, ou Rishi entre os deuses, a maior categoria, que é quando um Rishi é respeitado e temido até pelos devas, e tais rishis, tem poder de controlar até os Devas.

Yamuna : Rio sagrado da India, cruza com o Saraswatí.

Nandi : vaca sagrada dada ao Rishi Vasistha, ela podia prover tudo o que se desejasse, é imortal e nasceu da batedura do leite cosmico.

Maha : grande.

Muni : Lesgislador das leis védicas, bem como um Rishi especial para isso.

Mantra : palavras de poder, mana e traya ou seja, mente e controle, são veiculos sonoros de vibração para o controle da mente, do prana e das forças sutis, tais como o Mantra Om.

Puranas : Contos antigos, registros das estórias védicas.

Tapas : austeridades, Tapasya : pratica de austeridades com fins de gerar energia espiritual.

Karma : ação, ou resultado de uma ação.

Vasus : deuses relacionados a Vishnu, mantenedores do universo, forças divinas.